Pessoal, esse é o primeiro texto da coluna "Meninas Autoras", em que vamos postar textos nossos de criação livre, sem ligação com alguma obra literária. Espero que gostem e continuem acompanhando!
"É difícil escrever quando mal se sabe o que dizer. É
impossível saber, se ainda está pra acontecer. Mas o que eu sinto, num tem
jeito, é fato admitido. Num tem como negar, já era, é conhecido. Se um dia eu
falei nunca dizendo que era pra sempre, hoje digo que o sempre está longe demais
pra garantir o nunca.
Nunca se sabe o que está por vir, mas sempre imagino como
seria se viesse você. Ou se seu futuro será protagonizado por mim. Ou se nossos
futuros estão prestes a se tornarem um só presente. Será que o passado é um
déjavù do que virá pra nós? Ou o presente é apenas um obstáculo vencível pelo
cansaço?
Cansei. De esperar, de tentar, de ficar acordada a noite
inteira criando histórias que, mesmo que eu não esteja dormindo, não passam de
sonhos. E, quando durmo, esqueço tudo isso, descanso da iludida forma que
encontrei de passar os dias sem você.
Ai, que saudade dos nossos tempos... Quando estar com você
acelerava o relógio e ficar longe do seu abraço fazia o tempo parar. E faz. É
hora de agir, mas me nego a admitir que a ação me dá medo. Ao mesmo tempo que
já é tarde, ainda é cedo.
Não vá. Fique mais um pouco comigo. Fala mais besteira pra
eu rir. Deixa eu fazer cosquinha em você. Ainda nem tô com sono. Vamos ver um filme?
Você faz a pipoca e eu arrumo a cama. Tá frio, né? Que tal mais um edredom?
Acho melhor fazer chocolate. Fica aí, num demoro... Esse filme é bom, mas se
importa se eu dormir? Tá tão bom aqui, com seu calorzinho... Não se preocupa,
pode ficar à vontade pra mudar de canal. Eu só quero dormir e sonhar...
Nossa, cair da cama dói. Mas a dor aumenta aqui dentro
quando penso que foi só um sonho... Você nem gosta de pipoca!
Queria aprender a sonhar futilidades, daquelas que a gente
lembra quando acorda e começa o dia rindo! Mas tá tudo ao contrário: só sonho
acordada com o que me deixa à beira das lágrimas.
Ai, já não entendo mais nada! Não sei sobre o tempo, o
passado me remete ao futuro, e o presente só Deus sabe! Já não sei separar o
dia da noite, nem o ontem de hoje. Sei lá o que é certo, se o bom ou o ruim.
Mal sei o que é o mundo, quem dirá o que ele espera de mim! Mas conheço meus
princípios e, a que fins eles me levarão, vou saber só amanhã.
Por enquanto, só me resta voltar ao travesseiro e continuar
regando minhas ilusões e, depois, quando pegar no sono, viver! Porque dormindo
eu vejo o mundo mais claramente, e acordada o amor me cega. Me empresta seus
óculos?"